terça-feira, 30 de agosto de 2011

Canal Multirio


Rock com letras: uma combinação muito afinada

Carolina Bessa
Rock e literatura podem combinar perfeitamente e formar uma dupla de sucesso. Usando essas duas artes, quatro irmãos, três deles professores da Rede Municipal, resolveram promover eventos nas escolas para incentivar crianças e jovens a tornarem-se fãs da leitura. O projeto chamado Rock Letras teve início este ano na Escola Municipal D. João VI, em Higienópolis, e já foi apresentado em outras cinco escolas do município do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense.
Um dos idealizadores do Rock Letras é o professor de matemática Fábio Menezes, que achou interessante fazer uma iniciativa que contemplasse as diretrizes do projeto Rio, uma cidade de leitores, da Secretaria Municipal de Educação (SME). “Eu e meus irmãos já tínhamos uma banda, a MS4, e resolvemos usar nossa arte como fixadora de uma ideia”, ressaltou Fábio, referindo-se à proposta de incentivo à leitura. Os outros três participantes da banda são Osmar e Rafael, professores do primeiro segmento do ensino fundamental da Rede Municipal e Alexandre, que é desenhista.
A apresentação musical da banda dos professores-músicos é intercalada com leituras de trechos de poesias, contos ou romances. Os eventos costumam atrair a atenção dos jovens, porque as canções são composições próprias do grupo musical e falam da realidade dos estudantes, com temas como família, escola e relacionamentos. Além disso, são convidados escritores e outras personalidades ligadas à literatura. Já participaram de edições do Rock Letras a escritora Sônia Rosa, autora de Amores de Artistas e de outros 21 livros infantis, e Evandro dos Santos, fundador da Biblioteca Comunitária Tobias Barreto de Menezes, na Vila da Penha.
As atividades costumam começar 15 dias antes dos shows. Segundo Fábio, é proposta aos alunos do Ensino Fundamental a confecção de redações de temas livres e, às crianças da Educação Infantil, a pintura de um desenho sobre uma história que ouviram. Aqueles que realizam a tarefa concorrem a brindes no dia das apresentações como livros, CDs da banda e camisetas. “Nós costumamos distribuir livros, fazer citações de autores conhecidos e indicar boas leituras. Incentivamos o gosto pela literatura por meio dos recursos de que dispomos”, acrescenta o professor de matemática.
O Rock Letras já rendeu desdobramentos e deu origem a uma nova atividade, a Poupança Literária. Os alunos da E. M. D. João VI, onde Fábio leciona, já aderiram à proposta, que consiste em “poupar” pontos para serem usados nas disciplinas em que precisarem, se o desempenho nas provas não for tão satisfatório.
Para acumular pontos, os alunos devem ler um livro de sua escolha e, em seguida, fazer uma resenha. De acordo com o professor de matemática, cada trabalho vale um ponto e é corrigido pelo professor orientador da turma, que dá dicas de como melhorar o texto. “A gente corrige, eles reescrevem, os orientamos a mudar um trecho e assim o trabalho vai e volta, até ficar ideal. Os professores de todas as disciplinas estão habilitados a orientar seus alunos”, ressalta Menezes.
Cada estudante tem seus pontos anotados em uma ficha e os pontos vão sendo usados na medida de sua necessidade. “Todo mundo sai ganhando com esta poupança. O aluno treina leitura e escrita e acaba usando os pontos em qualquer disciplina. Já a escola lucra porque passa a ter estudantes mais bem preparados”, conclui Fábio.